Se conhecer é que é o verdadeiro luxo!

A quantidade de problemas relacionados, diretamente ou indiretamente, à saúde mental é gigantesca. Nas notícias e nas conversas diárias são dezenas de história que atestam como realmente somos uma sociedade que não aprendeu de verdade habilidades para lidar com os situações desafiadoras. Os resultados é o crescimento exponencial de crises e traumas: além de não saber lidar criamos mais e mais. Uma bola de neve rolando sem freio pela eternidade!

Algo que, claramente, está na base dessa situação é o fato de não termos como prática comum o estudo, a investigação, a observação daquilo que acontece nas nossas mentes e nos nossos corpos. Vivemos em uma sociedade em que não somos estimulados a falar sobre nossas emoções, nossos comportamentos e formas de nos relacionar. Esse padrão é algo que vem sendo repetido e repassado de uma geração à outra. O resultado só pode ser confusão, conflito interno e externo. Se você não conhece a cidade, e não tem nem mesmo um mapa para te orientar, será cansativo, desgastante ou até mesmo desastroso chegar em, praticamente, qualquer lugar!

COM QUEM VOCÊ APRENDEU A SENTIR?

Para que possamos ser capazes de lidar com as situações difíceis e criar um estilo de vida e uma sociedade desenhada para prevenir sofrimentos possíveis de se prevenir e lidar de uma forma mais saudável com os sofrimentos inevitáveis, precisamos APRENDER as habilidades necessárias para isso. A fase em que esse aprendizado deve acontecer é no início da vida, enquanto nosso cérebro está em formação e estamos totalmente abertos ao novo.

No entanto, apenas recentemente na história passamos a ver a criança como alguém vulnerável que precisa de cuidados e orientação. O resultado é que chegamos a fase adulta com senso de orientação prejudicado. Não conseguimos perceber com clareza o que sentimos, não percebemos nossos limites e necessidade, muito menos somos capazes de comunicar algo que nem mesmo conhecemos! Como poderia ser diferente? Ninguém nos ensinou!

Naquele dia em que você sentiu ciúme da sua irmã mais nova, ou que você sentiu muita raiva porque seu amiguinho pegou o seu brinquedo, ninguém se abaixou até você, ficou com você e com sua emoção e tentou te ajudar a descrever e processar o que você estava sentindo. Sem contar em experiência extremas e inaceitáveis de violência, bullyings, abusos que muitos de nós vivemos sem jamais entender o que estava acontecendo.

Não teve palavras para nomear, não teve legenda pra ajudar a entender. Ficamos sozinhes e desconectades nas nossas experiências emocionais. Criamos as nossas próprias explicações e vamos sobrevivendo como é possível, através de um caminho obscuro, confuso e de muitas repetições dolorosas.

O QUE VOCÊ PODE FAZER HOJE PARA COMEÇAR A MUDAR ISSO?

Existem vários caminhos para mudar esse cenário. Para mim, o incentivo em massa à educação emocional na fase infantil e o combate à todo e qualquer tipo de violência e abuso são os principais a fim de mudar a estrutura e criar um sistema radicalmente diferente do atual, diferente na raiz.

Agora, para resolver o estrago que já está feito e curar as feridas provocadas por essa forma de funcionamento adoecida, uma das coisas que podemos fazer é mudar hábitos que já estão arraigados e escolher hábitos que possam nos ajudar a conhecer a nós mesmas, nossas emoções, pensamentos, sensação e formas de se relacionar.

Colocarei aqui 3 hábitos muito úteis e poderosos para te ajudar nisso. É possível fazer tudo isso sozinha, mas uma ajuda profissional pode ajudar, e muito!

Antes de qualquer coisa, eu gostaria de te lembrar que você não precisa mudar tudo de uma vez, que você não precisa encher sua agenda de tarefas, nem seu espelho de post it. Na verdade, se sobrecarregar de tarefas irá te atrapalhar, fazendo com que você desista. Então, se você quiser fazer algo, escolha aquilo que seja menos difícil pra você nesse momento da sua vida, e trabalhe em cima disso por uma semana, uma mês, o tempo que for necessário.

1 - PAUSA E SILÊNCIO

Faça pequenas pausas e pratique o silêncio ao longo do dia. Você não precisa, necessariamente, ir para as montanhas e ficar dias sem falar, como um monge. Caso você escolha fazer isso tenho certeza de que será transformador. Porém, pequenas pausas ao longo do dia podem também ser transformadoras. A pausa e o silêncio são importantes para que o nosso cérebro possa organizar as informações e os acontecimentos. Então, ao invés de pular de uma atividade para outra, pare por 10 ou 5 minutinhos para respirar, tomar um café, uma água, olhar para o horizonte.

2 - ESCREVER OU FAZER ÁUDIOS

Fazer anotações sobre suas experiências e emoções é um hábito muito poderoso! Sem a invenção da escrita nossa espécie não teria chegado onde chegamos. A escrita permitiu que não perdêssemos informações importantes ao longo de uma tarefa, por exemplo. Imagina se ao início de todas as tarefas o dono de uma rebanho tivesse que recontar a quantidade de animais. Da mesma forma, quanto criamos o hábitos de anotar informações importantes sobre nós mesmos, nós ganhamos tempo e passamos a compreender mais rápido o que vivemos.

3 - PERGUNTAS CHAVES

Perguntas são uma forma de ir alcançando e se aprofundando cada vez mais em camadas de nós mesmas que nós não costumamos visitar. Grandes mestres e estudiosos já utilizavam essa ferramenta há milhares e milhares de anos. Então, se quiser se conhecer melhor, pratique o hábito de fazer perguntas a si mesmo. Para te ajudar, vou deixar alguns exemplos aqui:

- O que você ama fazer?

- Quais são os seus sonhos?

- Qual é a sua maior autocrítica?

- Que erros você já cometeu?

- Do que você se orgulha de ter feito?

- Como os outros o veem?

- Como você gostaria que os outros o vissem?

- Quem é a sua inspiração e exemplo?

- Do que você mais gosta em seus amigos e amigas?

- O que você sente que faz bem?

Bem, é isso! Fiz questão de colocar apenas 3 coisas simples, práticas e concretas para que, caso decida seguir minhas sugestões, você não se sinta sobrecarregade com muita informação e tarefa. Lembre-se sempre: o único passo que você precisa dar é o próximo Espero ter trazido alguma inspiração e estimulado suas ideias com esse texto! Um abraço!